sábado, 12 de março de 2011

Escolhendo a trilha sonora

Primeiro gostaria de pedir desculpas a todos que acompanham o blog e notaram a "falta" de postagem dos últimos tempos... Eu tenho andado muito ocupado, muito trabalho, material para estudar, último ano da faculdade e tudo mais... Pensando nisso, até lembrei do que o meu pai costumava me dizer quando tinha meus 14 ou 15 anos (e quase nada pra fazer): "A ociosidade é a mãe dos vícios" - e de fato, desse mal eu não sofro

Agora partindo para a idéia do post, uma das últimas coisas que fiz quanto aos preparativos da minha viagem foi a escolha da trilha sonora. Primeiro porque tive um problema técnico, que foi a falta de cartão SD no meu celular. Explicação: como tinha comprado GPS e uma câmera nova, os cartões que tinha estavam neles, ficando com pouco mais de 60mb para armazenar na memória interna do celular as músicas que fariam parte da minha trilha sonora.

Confesso que foi algo que me levou a uma certa reflexão, afinal elas deveriam me acompanhar durante os 11 dias que estaria fora (e quase sem contato com computador, caso quisesse troca-las). Deveriam, porque até hoje as músicas estão no meu celular, e não por uma questão de "preguiça", mas porque considero que acertei a mão na hora de escolher.

A primeira, e talvez a de mais fácil escolha foi "Simple Man", do Lynyrd Skynyrd. Fácil porque essa foi uma música "paixão a primeira ouvida", que já estava na trilha sonora do meu dia-a-dia, que tinha a ver com o que penso a respeito de várias coisas... ou seja, que representa muito para mim. Quem estiver interessado na letra, dá uma verificada aqui (já versão traduzida).

A segunda na ordem de escolha também teve uma importância relevante na viagem, foi a trilha sonora do meu "despertador" durante os dias que estive fora - AC/DC "Back In Black". Acordava todo o dia com um sorrisão no rosto, pronto pra recomeçar a aventura... Até hoje quando ouço ela, tenho vontade de pegar a motoca e rodar até secar o tanque!

Uma das minhas escolhas que também merece explicação foi a "Hard Sun", do Eddie Vedder. Essa música faz parte do álbum/trilha sonora do filme Into the Wild (tradução adaptada - Na natureza selvagem). Bom, esse filme merece um post somente dele. Mas, resumidamente, quem não viu, veja! Eu ja assisti algumas vezes, li o livro duas vezes e da trilha sonora não existe uma que seja melhor, todas são f*dasticas! Escolhi esta pelo que a letra representa... Curioso, clique aqui e veja a tradução.

E não poderia faltar a trilha/tema do Easy Rider "Born to Be Wild". Essa nem precisa justificar muito. Certamente será minha companheira em todas as viagens pelas estradas da vida!

A trilha completa foi:
  • Lynyrd Skynyrd - Simple Man
  • AC/DC - Back in Black
  • SteppenWolf - Born to be Wild
  • Led Zeppelin - Stairway to Heaven
  • Metallica - Wiskey in the Jar
  • Stereophonics - Maybe Tomorrow
  • Bob Dylan - Blowin' in the Wind
  • Bob Dylan - The Times they are A-Changin
E pra vocês, qual seria a trilha sonora ideal para uma aventura (até 60mb, ou não)?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Planejamento... a alma do negócio

Esse post chegará a ser meio redundante. Mas é muito importante ressaltar a importância de um bom planejamento quando a idéia é viajar (e não só de moto).

Pra vocês terem uma idéia, o meu primeiro ato pré-viagem foi a compra de uma jaqueta própria para andar de moto, e isso foi em setembro de 2010.

Nesse meio tempo, fui a Rivera comprar uma mochila maior, comprei GPS, adaptei suporte pra camera digital (e tive que comprar uma nova, porque minha antiga pifou), comprei suporte pra guidom do GPS, adaptei tomada 12v na moto, mandei a moto pra revisão geral (onde troquei filtro de ar, cabos de acelerador e embreagem, troca do óleo da bengala, lubrificação geral, regulagem do carburador entre outras coisas "básicas").

Comecei montando os trechos onde queria ir no google maps, calculando a distância por trecho. Depois fui no mapa em "papel" que tenho (recordação de Cambará do Sul, quando fui em 2009). Estabelecidas as paradas, entrei nas comunidades das cidades onde pretendia parar pra pegar mais informações de onde parar e comer, além de "verificar" o que cada cidade tinha de melhor para oferecer.

"Garibaldi - Lages - Urubici - Laguna - Capão da Canoa" esses seriam meus paradouros. A partir dai fui buscar pousadas e hoteis onde pudesse me instalar. Vale ressaltar que durante o planejamento, a idéia sempre foi não rodar mais que 350km por dia, justamente por sair cedo da cidade origem e chegar na cidade "destino" antes do meio dia. Desta forma, não estaria tão cansado para encarar o dia seguinte.

No site da ANP consegui a lista dos postos de combustível que poderia abastecer durante minha viagem. Um dos motivos é que uso "exclusivamente" gasolina V-power da Shell (que poderá ser motivo de um post mais adiante). Na prática, tirando o meu abastecimento em Laguna (que foi Esso, já que o posto Shell que iria abastecer ficava no trajeto pra Guarda do Embaú, que acabei não indo por causa da chuva).

Tudo isso envolveu algumas noites de sábado, regadas a Polar(es) bem geladas, com minha companheira pra todas as horas, a Jô, me dando opiniões e sugestões. Mesmo não tendo gostado "muito" da idéia, ela sempre me apoiou, e esteve comigo no início, meio e fim desta aventura!

O que posso dizer é que a viagem foi um sucesso. Nenhum problema na moto, nenhuma "furada" nas pousadas ou hoteis que fiquei, nenhum restaurante "peçonhento" me esperando. Se eu pudesse dar uma dica a todos que lêem o blog, seria essa - PLANEJEM CADA KM DE SUAS VIAGENS, curtam o momento. A viagem começa muito antes da gente ligar o botão do "start", e termina muito depois.

Ainda hoje me pego "viajando", sentindo e curtindo o vento no rosto que em algum momento dessa aventura soprou em mim

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Se conselho fosse bom...

Conforme prometido, após a publicação dos diários de bordo, minha idéia é postar dicas de como organizar uma viagem para que tudo ocorra nos conformes. Além disso, também quero que esse seja um lugar de troca de idéias, divagações, discussões e desvaneios.

Para iniciar isso tudo, esse post indicará alguns temas das próximas postagens do blog:
  • Planejamento, a alma do negócio
  • Equipamentos: ruim sem eles, muito melhor com eles!
  • Você confia na sua moto? E ela em você?
  • Viajar ou ficar em casa...
Huahuahuahua... claro que esse último foi brincadeira né. Se eu pudesse, certamente rodaria mais do que o faço hoje. Fora que andar de moto na cidade é uma questão de necessidade, não de gosto!

Particularmente, acredito ser muito (muito mesmo) mais perigoso rodar 30km em horário de pico no centro da cidade do que rodar 400km em um BR bem sinalizada em sem buracos (como se isso fosse fácil de encontrar).

Apesar da ordem disposta anteriormente, vou começar falando sobre os equipamentos. Isso para seguir uma ordem cronológica dos fatos. Certamente, a escolha dos equipamentos que fizeram parte da minha viagem tomou bastante tempo, e começou bem antes de eu saber qual seria a estrada ou onde faria os meus abastecimentos!

Então, convido a todos que tem acompanhado o blog que continuem ligados. O número de postagens semanais não está como gostaria. Mas pra variar eu arrumei (ainda) mais coisa pra fazer, e os dias têm sido bem corridos! Mas na medida do possível vou escrevendo... Espero que gostem!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 27/12/10 (capítulo final)

Hoje eu literalmente madruguei. Levantei as 5h da manhã, já que pretendia chegar em Santa Maria antes das 13h. Ainda mais, sabia que ia encontrar bastante movimento do pessoal voltando do feriadão de Natal!

Tomei um banho pra acordar, a Jô levantou junto comigo e preparou um café reforçado (alias, coitadinha, acordar a essa hora da manhã pra preparar café pro namorado "viajante"). Depois disso, amarrei a mochila na moto e programei a Raquel de volta pra casa!

A despedida sempre gera a mesma sensação. Aquele frio na barriga que teima em não nos abandonar até apertar o botão "start" e engatar a primeira marcha! Além do mais, esse foi o maior trecho em um mesmo dia que teria que fazer (aprox. 440km).

Segui o "roteiro" de sempre. Parei no posto Shell da cidade, enchi o tanque, calibrei os pneus e finalmente comecei a viagem (isso já era passado das 7h). Já na estrada, vi o sol ainda no mar, gigante e laranja no horizonte.
Alias, dia 23 eu e a Jô haviamos levantado também as 5h da manhã pra ir até a beira do mar ver o sol nascer e sinceramente, a sensação é sempre a mesma. O sol nascer é digno de salva de palmas!

Segui viagem com bastante atenção pela Estrada do Mar. Tinha bastante carro na pista, mas o transito estava fluindo bem e de uma forma bastante segura. Assim que cheguei na FreeWay abri o senhor sorriso. Motivo - estrada com três faixas, uma pista "exclusiva" para caminhões e ônibus e um asfalto de primeira qualidade (também pudera, aqui até moto paga pedágio - R$1,80)
 
Eu toquei ficha sem parar, rodando até Canoas, onde segui a orientação da Raquel pra sair daquela "muvuca" e pegar o acesso correto pra vir pra casa. Alias, um "salve" a Raquel, sem ela jamais teria conseguido ter tanta segurança nos trevos e acessos que passei durante a viagem (na grande maioria, mal sinalizados e confusos).

Fiz minha primeira parada já em Montenegro (180km rodados). Tomei um Cappuccino no Ponto 22 e fiquei um pouco lá esperando a serração que ainda "rondava" a região.

Posso dizer que "rodei... rodei... rodei e rodei mais um pouco". E o sol abriu finalmente, grandioso quase no topo da minha cabeça. Já na Tabaí peguei bastante movimento e alguns buracos (mas nada que apavorasse como na BR101).

Rodei até Santa Cruz do Sul sem parar. Entrei na cidade pelo trevo secundário (e não aquele do Fritz e Frida). Já estava na hora de abastecer a motoca (300km rodados até então e ainda faltavam 144km até SMA)

O legal foi que acabei pegando uma “serrinha” pra chegar no centro da cidade (até com umas curvinhas bem “divertidas”). O posto ficava bem no centro da cidade, o que possibilitou que eu conhecesse um pouco Santa Cruz. Depois de abastecer e esticar as pernas resolvi seguir viagem. Pra sair da cidade, usei a Raquel. Ela me mandou pra uns lados que me fizeram perder totalmente o referencial, até que eu fui parar numa ruazinha que dava na faixa. Uhull... próxima parada em casa (ao menos era isso que eu pretendia).

Nesse ponto, a estrada já parece uma grande conhecida. Lembro que é justamente agora que preciso ter ainda mais atenção. Certa vez li uma reportagem que a grande maioria dos acidentes ocorrem justamente próximos de casa. Por isso, segui ligadíssimo na estrada.

Chego propriamente em Santa Maria cumprindo minha meta de horário (12:15 no GPS). Pego a "faixa nova" (BR287), com um pouco de movimento devido a saída do pessoal da UFSM para almoço. Tentando fugir da BR158 por saber que esta é uma das mais perigosas da região. Sendo assim, resolvo seguir o caminho "comum" que faço quando vou pra casa. Faço o balão no viaduto e entro na Rua Fernando Ferrari.

Um buraco me faz lembrar que estou novamente na minha “cidade”. Diminuo a velocidade e passo pelo segundo buraco. Neste ponto, vejo dois carros na via perpendicular pararem no meio da pista. Como estou “acostumado”, dirigia cuidando-me dos outros. 

E NÃO É QUE O PIOR ACONTECEU? Um dos motoristas (o da esquerda) simplesmente não olhou para o lado. E na hora que estava passando de moto, ele simplesmente arrancou o carro dele direto em mim!

O pior é que senti que isso iria acontecer quando vi o carro ainda parado. Claro que coisa de milésimos de segundo. Ainda com a batida, eu consegui parar a moto no acostamento (milagrosamente, mesmo tendo empurrado minha traseira eu se quer me desequilibrei).

Desci da moto olhando pra minha perna, procurando algo estrupiado, sangrando, rasgado mas pra minha surpresa, NADA! Pronto pra ver a "destruição" na moto, olho pra minha guerreira e noto que não aconteceu nada. Ela estava exatamente igual a quando eu subi nela 6h antes!

O motorista do carro parou atrás. Eu tirei o capacete "pê-da-vida". Perguntei o que ele tava fazendo, porque não tinha olhado pro lado e mais uns chingamentos que se quer lembro agora. O cara pareceu mega assustado. Me pediu calma, perguntou se tinha me machucado. Ai é que minha ficha caiu!

Graças a Deus (e somente ele pode ter me livrado dessa) eu não sofri absolutamente nada! Voltei a olhar a moto e notei meu pisca traseiro esquerdo mole! Olhando mais de perto, vi que a base, que permite que ele seja flexível havia rachado.

O motorista do carro se ofereceu para fazer B.O., me informou que era policial, que trabalhava no Hospital da Brigada militar. Me passou o nome completo, a placa do carro e o telefone dele para que eu pudesse passar a "facada" do pisca novo que teria que trocar!

Segui com (ainda que com as pernas bambas) pra casa. Não conseguia acreditar que tinha rodado 1700km pra que isso acontecesse a menos de 4km de casa. Estacionei a moto na garagem do prédio, subi pro apartamento, larguei a mochila e tirei finalmente a armadura!

Me pus a pensar no quanto Deus se fez presente durante toda a minha viagem. Eu andei sob todas as condições: sol, chuva, vento, frio, calor, estradas de chão, subindo serras, descendo serras e não sofri nenhum arranhão. Com isso, dei por encerrada a minha viagem!

Hoje, passados quase um mês do término da aventura que descrevi aqui no blog tenho certeza que não fui eu quem desviou do carro, e sim Ele.

Obs: as 14h passei na Dafra e já fiz a troca do pisca – R$45,00 um pisca traseiro. Preço salgado. Já fiz a troca no dia mesmo, e o "dito cujo" já pagou o prejuízo.

Obs²: o fim do meu diário de bordo não representa o fim das postagens aqui no blog. Pelo contrário... muitas novidades estão por vir!

Fotos:
 
Tudo pronto pra voltar pra casa! Capão da Canoa - 6h da manhã!
Ponto 22 em Montenegro - RS
Abastecimento em Santa Cruz do Sul - RS
Pausa pra foto!
Como é bom ver placa que indicam a distância de casa!
Raspão no pisca e borracha quebrada - agora já está tudo "0km"
1500km no GPS + 200km aprox. com ele desligado (dentro das cidades)
Geosetter - Monta o trajeto com dados do GPS e anexa as fotos conforme as coordenadas!
 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 22/12/10

Acordei as 6h da manhã, tomei um banho e acabo por notar que o dias estava limpo e claro. Sem qualquer traço de lembrança do dia carrancudo e chuvoso que foi o anteior.

Fui na garagem verificar se a motoca estava inteira. Justificativa – no dia anterior um “veio pançudo” veio incomodar porque eu estaria “na vaga dele” do hotel. Ficou resmungando um bom tempo, achei que ia dar problema, mas a motoca estava inteirona (e no lugar onde deixei).

Tomei café e as 7:05h desci a mala do quarto. A motoca me esperava na frente do hotel... limpinha (já que no dia anterior tinha feito a troca do óleo e mandado lavar (a lubrificação ficou por conta do wd que levei na mochila). Abasteci no posto Esso que tinha na mesma rua do hotel (a idéia era ter ido no dia anterior a Guarda do Embaú e ter abastecido em Imbituba onde tinha posto Shell, mas não deu pelo tempo ruim do dia anterior).

Calibrei os pneus, orientei a "Raquel" com o endereço da casa em Capão (a essa hora a Jô já estava lá me esperando). Segui mega faceiro pela sorte de ter aberto tempo (mas meio "duvidoso" em decorrência do já sabido movimento que ia encontrar na BR101).

E não é que depois de uns 50km de rodagem o tempo começou a mudar?! Inicialmente foi ficando nublado, uma serração bem fininha começou a aparecer e logo na sequência eu parei a moto pra guardar o GPS no bolso interno da jaqueta (o lugar mais "seguro" que tinha), junto com minha camera uma vez que minha viseira já estava toda molhada.

Seguindo, posso dizer com toda a certeza que esse foi o momento mais "sofrido" da viagem. Obras na pista, muito caminhão (e a grande maioria com velocidades altissimas, coisa acima de 110km/h aferido no GPS). 

E a serração virou chuva, muita chuva! Nesse momento, me chama a atenção um Ford Ka, modelo antigo, com as rodas pintas de rosa. Pensei: "putzzz que troço bem feio". Mal deu tempo de pensar e o Kazinho desapareceu da vista. Assim que avistei um posto a direta, parei pra  por a capa de chuva na mochila (alias, ratiada - deveria ter feito isso quando guardei a Raquel). Pra minha sorte, a mochila tava semi protegida por "eu mesmo".

Esperei um pouco mas nada de “acalmar”, pelo contrário, cada vez pior. Perguntei pro frentista, estava na cidade de Araranguá. Sendo desta forma, resolvi seguir viagem, já que  não tinha jeito, sem ter como voltar, o negócio é seguir. Essa seria uma boa oportunidade de testar se o “No Rain” da jaqueta realmente fazia jus ao nome. Depois do posto, rodei no máximo 2km com chuva muito fechada (daquelas que chega a "doer" onde pega) e o transito parou totalmente.

Como tinha muito caminhão nos dois sentidos, eu só consegui ver o que tinha acontecido quando efetivamente cheguei no local. Aquele Ka, que tinha visto antes, tinha sofrido um acidente feio pra caramba. Outros dois carros estavam batidos (demulidos seria mais adequado). A cena me embrulhou o estomago, não pelo acidente em si, mas por saber que as coisas acontecem, as vezes, alguns minutos (ou segundos) antes ou depois da gente.

Um reporter urubu havia chegado provavelmente junto com o acidente, e já com o camera "seguindo" queria bater um papo com a mulher que estava presa no carro verde (acho que era um Corsa Sedan). P*ta M*rda! Até hoje me ferve o sangue de pensar no que aquele cara tava fazendo. E não me venham dizer que era a profissão dele. O mínimo que ele deveria ter é respeito ora bolas!

Continuando. Sinceramente, rodar na chuva os quase 200 kms até a "fronteira" de SC com o RS (destes, certamente mais de 140km com a chuva fechada) fez com que parecessem 1500km. Não acabava NUNCA.

Certa hora, vi uma placa escrita "Torres ->" e fiquei mega faceiro! No primeiro acesso a direita eu entrei e parei numa vendinha dessas de beira de estrada pra pegar o "jeito" do acesso. O senhor me disse que na verdade era Passo de Torres (ainda em SC) e que faltavam ainda 25km até chegar ao acesso de Torres (onde eu poderia pegar a estrada do Mar). Essa sem dúvida era a notícia que não queria ouvir.

Segui tocando "ficha", a motoca seguiu sem pestanejar. Alias, pestanejou quando voltei e tentei ligar ela. Ela deu meio que uma "ratiada", pegou com o afogador ligado e me pareceu meio "engasgada". Fiquei cagado de medo de ficar parado no meio da estrada, com a moto estraga e na chuva. O que fiz? Levei a moto com jeito, devagarinho até o motor "aquecer", deu duas belas aceleradas e a motoca voltou a pleno funcionamento. Depois pesquisei sobre e tudo indica que o suspiro do carbura tenha "entupido" com a água que não dava descanso.

Seja como for, fiquei feliz pela “confiança” que cultivei na moto com esta viagem. Passei por todo o tipo de estrada, com buraco, sem buraco, de chão, estilo motocross, e a moto não “se michou” nunca, encarou todos os desafios (mesmo aqueles que me fizeram pensar “onde eu fui me meter”).

Seguindo o relato, tenho que contar o fato "engraçado" do dia. Exatamente na placa que diz "divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul" a chuva parou. Como se existisse uma parede d'agua. Voltei a instalar a Raquel no guidom da moto, seguindo as orientações da moça no que diz respeito aos retornos necessários para chegar até a estrada do mar. 

Peguei o retorno a direita, fiz o balão e segui na via que (muito mal sinalizada) foi dar no acesso de Torres e na Estrada do Mar. Ali a viagem voltou a ser “deliciosa”. Asfalto bom, pouco movimento, nenhum caminhão. O único cuidado maior foi só com os pardais (não que eu andasse muito acima dos 80km reais do GPS).

A cada trevo que aparecia, com as rotulas para entrar nas cidades praianas eu me aproximava do meu destino. Quando cheguei na rótula de Capão tive que parar a motoca e bater fotos (já que até então consegui bater foto só no posto aquele devido a chuva). Certamente eu não fiquei tão feliz de chegar em um dos meus destinos como desta vez, desde o início dessa viagem.

Contrariando as orientações da Raquel, já dentro de Capão, segui as dicas pra chegar na casa que a Jô tinha me mandado via SMS. Acontece que Capão tem uns dois ou três acessos, e ela me mandou a “rota” do trajeto que ela tinha feito para chegar. Rodei um pouco, a pobre da Raquel ficou lá “recalculando, recalculando, recalculando” (gosta de uma conta essa moça?!) enquanto eu andava por todas as ruas daquele lado. Parei umas duas ou três pessoas até ter conseguido me “achar”. A Jô me esperava com a camera na mão, como tínhamos combinados. Desci da motoca ainda molhado, e fui direto pro banho.

Ai vem a notícia boa: a parte de cima totalmente seca. Não tinnha nenhum sinal de umidade, não escorreu nada de água para dentro e tanto o GPS, quando a câmera e minha carteira com os documentos da moto estavam intactos. Moral da história – a jaqueta realmente funciona (isso que a chuva que peguei estava longe de ser “moderada” e de “media duração” conforme a as indicações de uso para o modelo que comprei).

Estrada só no dia 27. Eu sabia, ainda quando saí no dia 16, que ia ter muito chão até aqui. Muito feliz por tudo ter acontecido tinha que ser. Agora "bora" aproveitar a praia e a família! Feliz Natal!

Fotos:

Olha a situação em Araranguá - SC
Mais feliz impossível por ver esta placa!
Entrada¹ de Capão da Canoa
Finalmente em "casa"
Todo molhado (só olhar o brilho nas botas)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 21/12/10

Acordei as 7h da manhã, tomei um banho, café no hotel (bem "meia boca", diria que o mais sem graça de todos até então) e fui dar uma caminhada na beira do mar. Caminhei bastante, cheguei até a praia do Gi (uma praia de pedras) onde o pessoal geralmente vai para pescar.

Voltei ao hotel, peguei a moto e fui até o mirante da cidade, onde consegui belas fotos de toda a cidade. Desci do mirante com tempo bastante fechado, deixei a moto na garagem do hotel e fui até (um tanto quanto longe) almoçar (bom almoço, mas perdi o nome do  Restaurante).

Voltei pro hotel e a chuva começou... quando resolveu “parar” peguei a moto e fui na lavagem/posto fazer a troca de óleo e lavar a moto.  Depois do trocador de óleo levar um baile pra conseguir colocar de volta o filtro do óleo no lugar, e da moto estar lavada e sequinha, a chuva voltou com tudo! Fiquei uma hora esperando ver se parava e nada... 

Já de saco cheio, resolvi voltar para o hotel com chuva e tudo. Deixei a moto na garagem e fui secar ela e lubrificar todas as engrenagens, corrente e tudo mais (evitando assim o “perigo” chamado maresia).

Depois disso, vou tomar um café da tarde, comprar uma camiseta da cidade e dar uma última volta na beira do mar. No dia seguinte, salvo se amanhecesse chovendo, eu estaria saindo rumo a Capão da Canoa. Voltei, tomei um banho, sai pra jantar. Não enrolei muito, voltei cedo pro quarto pra arrumar a mala.

A Jô me ligou no hotel pra repassar o endereço certinho da casa em Capão. Termino de arrumar as malas, tomo um banho e vou dormir cedo. Se a chuva parar, como eu espero, amanhã estou em Capão.

Fotos:

De manhã, antes da chuva...
Praia do Gi
Quase comprei uma vara e virei pescador
Mirante da cidade
Laguna - SC

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 20/12/10

Finalmente o dia "D" chegou, levanto as 6h da manhã, banho, me visto, tomo café. Depois disso, volto ao quarto pra pegar a mochila e amarrar na moto. Quando saio até a garagem, o senhor que cuidava do jardim veio conversar comigo... em poucos minutos ele me contou boa parte da vida dele, do bom emprego que ele deixou de ter quando era novo por não ter estudo... Ouvir uma pessoa bem mais velha e calejada contar sua história sempre faz com que a gente cresça (ou deveria fazer a "gente" crescer).

Subi na motoca, agora era a Serra do Rio do Rastro que me esperava... Notei a motoca com pouco “rendimento”... Parei no posto e o frentista prontamente “teu pneu está murcho...” e não é que era verdade?! Murcho... poxa vida... já pensei no atraso que isso ia representar na viagem... Olhei pros morros que cercam a cidade e a vista não me agradou muito (fechados, com muita serração e pinta de chuva).

Fui em uma borracharia bem grande que tem no centro da cidade, onde depois de uns 45 minutos estava com minha câmara remendada. Voltei no posto, enchi o tanque e segui viagem. Olhei no relógio e eram exatos 8:50h.

A cada quilometro rodado a visibilidade diminuía (e eu continuava subindo a mesma serra “lindíssima” do dia anterior). Até o ponto que aquela serração começou a molhar... parei a motoca e guardei a Raquel no bolso interno da jaqueta.

Continuei... cada vez vendo menos. Entendi porque que o cara que cuidava da Cascata do Avencal me falou que o pessoal que morava naquela região não saia da casa em determinados dias no inverno... Simplesmente não existe condições de se orientar com tamanha “serração” fechada.

Pensei que assim seria a minha viagem toda (isso se a chuva não finalmente se fizesse presente como as previsões me alertavam desde quando eu sai de casa). Mas novamente o “estranho” aconteceu, após alguns quilômetros naquela situação o tempo simplesmente abriu.

Um belo sol tomou lugar ao tempo fechado e eu comecei a curtir ainda mais aquela estrada. Vi florestas de araucárias que, aparentemente, tinha muitos e muitos anos. Segui rodando, curtindo a estrada e as curvas que ainda se faziam presentes até o trevo de Bom Jardim da Serra com São Joaquim. Peguei a esquerda, admirado com as paisagens combinadas com aquele tempo lindo, um céu limpo e azul tomava conta de tudo e um clima de muita felicidade me contagiou.
Logo estava no centro de Bom Jardim da Serra a procura de uma agência da Caixa Econômica Federal ou uma lotérica. Descobri que não existiam agências e que a única loteria da Caixa estava “fora do ar”. Poxa vida... dinheiro só depois de descer a Serra? 

Explicação: como todo viajante, rodei com um pouco de grana na carteira, um pouco na mochila e o resto iria gastando no débito. Como em Urubici eu havia pago tanto a pousada, quanto a gasolina e o conserto na borracharia, meu saldo estava “baixo”. Se tivesse esperado até as 9h poderia ter sacado dinheiro na Lotérica de Urubici.

A maior sensação que tive era de que ainda estava no Rio Grande do Sul, vendo aqueles longos campos com coxilhas mais adiante. Após o posto da PRH vi o mirante e um grupo de mais de 30 “senhoras” motos estacionadas. Saltei de moto e logo estava lá na beira daquele mirante, batendo muitas foto e sem acreditar que realmente estava lá, onde toda essa “viagem” havia começado a fermentar na minha imaginação.

Ver as nuvens lá embaixo, as curvas uma encima da outra (literalmente), o grande e lindo céu e o horizonte a nos esperar me fez meditar alguns minutos. Depois da visita dos “Seus Graxains” fui atrás dos adesivos da Serra (já que camisetas não rolariam em decorrência da minha falta de “Caixa”).

Nenhum lugar vendia, mas fiquei sabendo de uma venda que fica exatamente no meio da Serra que teria todo e qualquer material sobre a Serra. Sem agüentar mais, comecei a descida. E que descida, a cada curva a coisa fica mais linda! O que mais me surpreendeu foi a segurança dessa Serra e o respeito que todos têm por ela (e também pudera, sem ele ninguém sai vivo de lá).

A cada área de escape eu paro para fotografar e admirar (ainda meio sem acreditar onde eu havia ido parar). Devo ter levado umas 20h para fazer o percurso da Serra. O resto do caminho pós Serra foi até sem graça. As 12h parei em um posto para almoçar e noto que faltavam 60km para chegar a Laguna.

Logo após essa parada o calor é o que mais encomoda. Pego a BR101 com muito movimento, obras e caminhões, logo já estava no trevo de acesso de Laguna..Agora a maior dificuldade foi achar um hotel/pousada (já que não tinha “visto” nada na internet antes de sair de casa).
Acabei indo parar na praia do mar grosso, em uma via “principal” na Beira da Praia (quase) onde a maioria dos hotéis estavam localizados. Depois de rodar um pouco e pesquisar acabei parando no Atlântico Sul “a 80m da praia”. Larguei as coisas, tomei um banho e fui obrigado a tirar uma soneca (depois de avisar a família e a Jô que tinha chegado bem).

Depois da soneca (nem vou comentar), levantei e fui tomar um banho de mar, a praia  é muito bonita e estava bastante vazia (também pudera, era segunda-feira e só o desocupado aqui pra tirar onda na praia). Voltei pro hotel, tomei um banho e fui dar uma conhecida na cidade de moto.

Acabei parando nos moles, onde fiz umas fotos (o dia estava bastante nublado, com vento e tudo mais). Voltei e notei que estava na hora de fazer a troca de óleo (860km no GPS + quilometragem rodada sem ele). Fui jantar e voltei cedo pra descansar e poder acordar cedo no dia seguinte.

Fotos e video:




Na borracharia - Detalhe pras nuvens fechadas ao fundo
Me senti em casa
Pórtico de Bom Jardim da Serra - SC
Mais faceiro, impossível
Esse carinha já é famoso
Começando a brincadeira
Será que tem curva?

Fechando o dia - Depois de frio, calor, sol e (quase) chuva, serra e litoral


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - 19/12/10

Acordei as 4h da manhã com uma nuvem da mosquitos. A velha mania de deixar a janela aberta. Como a cidade é rodeada de morros, árvores e rios, não preciso dizer mais nada!

Com essa "furada" no meu sono, levantei um pouco mais tarde. As 08:20 tava de pé pra tomar o senhor café (realmente, uma maravilha). Depois disso, resolvi ir na Casa do Turista pegar mais informações sobre as estradas (pra não acabar como ontem... no meio de uma senhora buraqueira).

A Casa do Turista fica quase na esquina da Pousada. Lá tem muitas fotos, guias, panfletos e tudo mais sobre a região. Além do mais, o pessoal que trabalha lá, o faz por "amor a camiseta".

Decidi seguir com os planos de ir ao Morro da Cruz (ou também chamado do Observatório).  Me disseram que a estrada era de chão, mas de boa qualidade. E efetivamente era, até a entrada da propriedade particular onde o morro se localiza.  O problema foi a subida do morro... pouco mais de 640 metros de trilhas próprias para motocross, e da "melhor" qualidade. A moto saltava para todos os lados, pedras soltas e valetões que pareciam que iam engolir toda a roda da moto apareciam a cada metro de subida. O pior que eu sabia que se parasse, o tombo era certo! Segui subindo e pensando COMO QUE EU IRIA DESCER?!

Definitivamente o lugar é lindo, com uma vista de boa parte da região mega "privilegiada" mas tenho que confessar que eu não consegui relaxar lá encima. Sabia que tinha 650m me esperando de descida. Já que era inevitável, resolvi descer. Pra evitar o tombo certo, nos trechos piores, eu descia da moto e empurrava (imagina o sufoco), mas ainda assim, melhor que descer rolando ladeira abaixo.

Quando cheguei lá embaixo, são e salvo, mesmo com alguns sustos (a roda dianteira derrapava direto) e tive vontade de chorar, mas não de tristeza, mas de felicidade por estar vivo. Em vez disso, resolvi subir na motoca e seguir meu caminho de volta para a pousada.

Quando cheguei em “casa”, lá pelas 11h da manhã, a primeira coisa que fiz foi pegar meu kit de ferramentas e reapertar todos os parafusos da moto. Revisei todo o quadro e demais componentes da motoca pra ver se nada tinha danificado com o trecho mais trash da viagem (até então). TUDO CERTO. Agora era hora de ir almoçar na Churrascaria Tradição (pertinho da pousada e com uma comida excelente)

De tarde, logo após o almoço resolvi subir até o Belvedere (e novamente tinha prometido que não iria mais pegar estrada de chão... Cruzei o Belvedere reto e fui até o ponto onde haviam Inscrições Rupestres. De lá vi uma imensa cachoeira a me “chamar”. Era a cascata do Avencal. Não deu outra

Segui serra acima (de um asfalto muito bom e bem cuidado) e ir até o quanto conseguisse chegar perto dela? Rodei... rodei... até chegar em uma placa na beira da estrada com um monte de vaca pastando – “Cascata do Avencal – 1km”... ooohhh vício, acabei me rendendo a tentação e lá fui eu novamente. Cheguei lá e vi que valeu a pena (muito). O lugar é lindo.. depois de muitas fotos sentei na mesa do barzinho que tinha na entrada e tomei uma água bem gelada, curtindo aquele momento!

Voltei pra estrada, agora voltando pra cidade. No dia seguinte era essa mesma estrada que iria pegar rumo a Bom Jardim da Serra (e a Serra do Rio do Rastro). Descendo aquela serrinha, aproveitei pra parar no Belvedere, bater umas fotos aéreas da cidade e ainda de quebra filmei o trecho até a cidade.

Quando estava no mirante, uma família parou, era um carro mais um triciclo. Eles vinham da Serra do Rio do Rastro, haviam pego muita chuva e nenhuma visibilidade. Tudo indicava que aquilo ali se repetiria no dia seguinte. Voltei pra cidade, tomei um belo banho, arrumei as malas e sai para jantar (rodízio de pizza na Sabor de Fruta – excelente). 

Fui pra pousada pra ir dormir cedo. Olhei no hodômetro, mais 60km rodados nesses passeios do dia (totalizando bons 140km de passeios pela cidade). Isso era importante para contabilizar com a quilometragem do GPS (e com isso, cuidar a troca de óleo).

Fotos:
Na metade da subida... um ponto pra descansar
Mas ainda tinha um bom trecho (e cada vez pior)
Tu acha que eu ia deixar ela lá embaixo?!
Quase lá
 
"Saca" a vista
Trilha no Morro da Cruz

Estava "lá encima"
Nas inscrições rupestres, acabei vendo "isso"

E resolvi ir lá averiguar... olha a recompensa
Vista do Belvedere - Urubici/SC
Olha o tamanho da igreja em relação ao resto da cidade

Eu e minha companheira

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Diário de bordo - 18/12/10


Depois de uma boa noite de sono, acordei as 6h conforme o cronograma., tomei um banho, terminei de arrumar a mochila e sai para tomar aquele "cafezão". Desci para  encerrar a diária do quarto, quando sai pra fora, a minha primeira surpresa do dia: O DIA ESTAVA FECHADO DE SERRAÇÃO. Putzzz... o negócio foi esperar, fiquei até as 08:20 comendo mosca!

Ainda com um tempo meio "feio" resolvi encarar a estrada, até porque este seria o menor "trajeto" de toda a viagem (aproximadamente 120km). Segui pela BR282, mesmo a "Raquel" me dizendo para fazer o retorno por uma boa parte do trecho.

A BR282 segue até Floripa, então acabei pegando bastante movimento na estrada (acabei nem instalando a camera no suporte para fotografar o "ínício" do trecho). Em vez de seguir o Google Maps e ir por Rio Rufino (BR475) segui até quase Bom Retiro, onde tem o trevo de acesso para Urubici, pela Serra do Panelão.

Já no trevo da SC430, me senti em casa... Uma enorme cuia dava as boas vindas ao principal “acesso” a cidade. Parei no bar do trevo (a cidade oficial é Bom Rentiro). Faltavam apenas 30km para chegar em Urubici. Tomei um refri e segui viagem... O mais legal desse trajeto foi que a cada quilometro vencido as coisas iam "subindo"... parei pra bater algumas fotos.

O asfalto estava bastante judiado. Depois descobri que este está sendo o principal “trajeto” das caçambas com pedra que estão trazendo material para a obra de asfaltamento da Serra do Corvo Branco. Durante uma dessas paradas fotográficas passaram duas R1, a uns 40km/h e pelo visto sofrendo com a buraqueira.

Cheguei na cidade por volta das 11h, sem saber exatamente em qual das pousadas iria parar... Resolvi seguir na via principal até a Pousada das Flores. E foi nela mesma que me instalei (excelente atendimento, quartos limpissimos, tudo muito bonito e arrumado).

Depois do almoço, sai rumo ao morro da igreja + pedra furada. Logo de cara pego estrada de chão com muitos buracos e poeira (estava um dia quente e ensolarado, a poeira toda levantava). Rodei, rodei e rodei mais ou pouco... a estrada cada vez ficava pior... Cruzou uma “dupla” de maus-encarados que ficaram só secando a motoca... Mas quem rouba moto custom? Na dúvida, ainda "enrolei o cabo" e eles sumiram e eu voltei a diminuir o ritmo (acho que não consegui passar de 40km/h durante todo o trecho). Depois de 15km até finalmente ver aquela miragem... sim... uma miragem... uma seta apontando para “Morro da Igreja” e asfalto me esperando!

Entrei na estrada e parecia outro mundo, uma serrinha deliciosa de pilotar, com muitas curvas e subidas, mas igualmente uma delícia! Vi a placa da cascata véu-de-noiva e resolvi entrar. A cascata é realmente muito bonita, o local tem uma boa estrutura (com restaurante, lancheiria e banheiros).

Segui rodando pelo asfalto... e a cada curva as nuvens ficavam mais próximas, dois motociclistas vinham no sentido oposto, com o maior sorrisão no rosto. Pararam as motos e vieram conversar comigo. Me contaram que essa era a quarta vez que iam até lá e que fora a primeira que conseguiram pegar os portões abertos. Explicação: no alto do morro existe uma base militar.

Segui rodando até que o “inesperado” aconteceu, uma nuvem estava cruzando o meu caminho. Isso mesmo, uma nuvem no meio da estrada! Também pudera, o Morro da Igreja tem uma altura de mais de 1800 metros! Rodei até chegar no posto militar! Um relógio na beira do nada me fez imaginar o que tinha “depois” daquela nuvem. No dia seguinte ao visitar a casa do turista vi a foto do lugar que não vi nada, era um verdadeiro Canyon, que me fez até ter medo de ter chegado tão perto da borda! Hehehehehehhe. Tudo isso me rendeu minutos de reflexão que acabaram por durar o resto do dia.

A descida foi divertidíssima (ao menos os 15km de asfalto). Depois a volta dos 15km de estrada de chão (que não acabavam nunca). Cheguei novamente no centro da cidade imundo, a moto virada em poeira e nenhuma “lavação” estava mais aberta. Ou quase nenhuma... achei uma no final da cidade. Pessoal muito gente fina (mesmo sendo um dos lavadores ser meio atrapalhado. uhauhauhauhauahua).

Voltei na pousada, lubrifiquei toda a motoca, revisei os parafusos e vi que estava tudo certo . Depois disso, fui pro banho... 

Janta no Zeca’s Bar (indicação da Comunidade de Urubici).Comi a famosa Truta Urubiciense, e de fato, tenho que admitir, a vontade foi de mandar embalar para viagem. Uma delícia! 

Rodar sozinho todo esse tempo me levou a uma série de pensamentos e reflexões. Sinceramente, em momento algum me senti sozinho, os dias passaram voando (acredito que na mesma progressão geométrica dos meus créditos do celular)  Urubici é uma cidade maravilhosa, e os moradores sabem que são os legitimos sortudos de poderem desfrutar de toda essa beleza tão "pertinho" deles!

Amanhã, destino a definir (provavelmente Belvedere + Morro da Cruz).

Fotos:

Trevo da BR282 com a SC430 - Me senti em casa
Parada pra alongar as pernas
Serra do Panelão
A cada Km, uma paisagem ainda mais linda
Passeio da tarde - Cascata Véu de Noiva
A mais de 1800m... núvens ao fundo
Morro da Igreja
Pilotando (literalmente) por entre as nuvens
Estradinha boa de pilotar
Olha o estado da motoca no final do dia!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Diário de bordo - 17/12/10


Acordei às 6h da manhã, tomei um banho pra "acordar" e aquele mega cafezão servido ainda antes das 7 da manhã. Exatamente as 7:15 estava saindo do Hotel rumo a Lages. 

Confesso que achei a saída da região é bastante complexa, cheguei a rodar umas duas vezes a rotatória de Garibaldi até entender o que a Raquel queria que eu fizesse. Mas o pior ainda estava por vir... aquela serra de vai até Vacaria... passando por Caxias! Muita serra, com pouco acostamento (quando tinha) e muito, mas muito caminhão (e pode ter certeza, eles "mandam ver" no acelerador).

A coisa ficou tão "complexa" que até perdi o sinal do GPS acreditando que eu tinha feito alguma "cagada"... depois notei que eu estava andando nos vincos das rochas, claro que nenhum sinal iria pegar (celular, gps, NASA, KGB... nada chegava lá).

Rodei direto até Ipê - RS (135km), que era, pelo que pude ver, uma igreja no lado da Estrada... fiz minha primeira parada. Tomei uma garrafa de água e aproveitei pra descansar um pouco. Segui viagem com nuvens fechadas me acompanhando (e ficando cada vez piores). 

A idéia era fazer o trajeto (265km) com uma única parada, justamente para evitar a chuva (que segundo o INPE era inevitável). Faltando exatamente 33km para chegar em Lages, começou uma garoa fininha... exatamente na frente do posto da PRF de Capão Alto. Estacionei a moto em uma área coberta e fiquei lá, torcendo pra que parassse. 

Acredito que essa foi uma das tantas vezes que senti a mão de Deus influênciando na minha viagem... Alguns minutinhos e meu pedido foi atendido... A garoa parou e eu consegui chegar são e salvo a Lages.

Já na cidade a Raquel me disse, "segue adiante", mas eu teimoso do jeito que sou, resolvi não cair na "laia" dela novamente e perguntei para um telemoto... adivinha?! O cara me orientou pelo pior caminho... huauhauauhauhahua... mas cheguei sem me “perder”.
 
Lages Plaza Hotel... pelo que entendi trocou a não muito tempo de direção. Eles estão reformando e arrumando o hotel... o dono é muito gente fina. A cidade é bem maior, cerca de 190 mil habitantes, tem bastante coisa pra se ver, mercado, restaurante, lancherias...  Pelo que entendi comércio é o forteo daqui. O quarto do hotel é simples mas confortável. Almocei e fui fazer minha merecida soneca.

Ahhh a noticia boa, depois da dormidinha (que ta virando tradição, já que fiz o mesmo em Garibaldi) acordei com a furadeira no andar de cima e um BEEEELO CÉU AZUL COM SOL! 

Renovado, saí pra tomar um café. A dica fica por conta da padaria Sabore d' pão...sem dúvida a torta de limão de lá é a melhor que já comi (até o presente momento). Andei pela cidade,  que estava bastante movimentada, me lembrando Santa Maria, com ruas estreitas e uma penca de carros. Porém o asfalto é bom (e não é "buraco encima de buraco")

A janta ficou por um "xis" bem diferente do nosso, bom, bem recheado (lembrando até um Chivito) porém meio seco com uma coca geladisisma... depois uma volta na cidade pra fazer a digestão e voltar pro hotel pra ir dormir cedo, já que um grande dia me espera amanhã. Ahhhh, previsão do clima tempo - 0% de chances de chuva para Lages e Urubici no dia 18... UHUULLL... Valeu Deus pela mãozinha (ou seria mãozona?)

Amanha, 7h da manhã destino Urubici via Serra do Panelão! Por enquanto, é isso! 

Fotos: 
Ipê - RS
Primeira parada pra descansar... ainda com muito chão pela frente

Ponte sobre o Rio Pelotas
Rio Pelotas - que divide o RS de SC
Meu "paradouro" na hora da garoa...
Diário de bordo, camera, gps, capace, água... que guri "bagunceiro"