terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 22/12/10

Acordei as 6h da manhã, tomei um banho e acabo por notar que o dias estava limpo e claro. Sem qualquer traço de lembrança do dia carrancudo e chuvoso que foi o anteior.

Fui na garagem verificar se a motoca estava inteira. Justificativa – no dia anterior um “veio pançudo” veio incomodar porque eu estaria “na vaga dele” do hotel. Ficou resmungando um bom tempo, achei que ia dar problema, mas a motoca estava inteirona (e no lugar onde deixei).

Tomei café e as 7:05h desci a mala do quarto. A motoca me esperava na frente do hotel... limpinha (já que no dia anterior tinha feito a troca do óleo e mandado lavar (a lubrificação ficou por conta do wd que levei na mochila). Abasteci no posto Esso que tinha na mesma rua do hotel (a idéia era ter ido no dia anterior a Guarda do Embaú e ter abastecido em Imbituba onde tinha posto Shell, mas não deu pelo tempo ruim do dia anterior).

Calibrei os pneus, orientei a "Raquel" com o endereço da casa em Capão (a essa hora a Jô já estava lá me esperando). Segui mega faceiro pela sorte de ter aberto tempo (mas meio "duvidoso" em decorrência do já sabido movimento que ia encontrar na BR101).

E não é que depois de uns 50km de rodagem o tempo começou a mudar?! Inicialmente foi ficando nublado, uma serração bem fininha começou a aparecer e logo na sequência eu parei a moto pra guardar o GPS no bolso interno da jaqueta (o lugar mais "seguro" que tinha), junto com minha camera uma vez que minha viseira já estava toda molhada.

Seguindo, posso dizer com toda a certeza que esse foi o momento mais "sofrido" da viagem. Obras na pista, muito caminhão (e a grande maioria com velocidades altissimas, coisa acima de 110km/h aferido no GPS). 

E a serração virou chuva, muita chuva! Nesse momento, me chama a atenção um Ford Ka, modelo antigo, com as rodas pintas de rosa. Pensei: "putzzz que troço bem feio". Mal deu tempo de pensar e o Kazinho desapareceu da vista. Assim que avistei um posto a direta, parei pra  por a capa de chuva na mochila (alias, ratiada - deveria ter feito isso quando guardei a Raquel). Pra minha sorte, a mochila tava semi protegida por "eu mesmo".

Esperei um pouco mas nada de “acalmar”, pelo contrário, cada vez pior. Perguntei pro frentista, estava na cidade de Araranguá. Sendo desta forma, resolvi seguir viagem, já que  não tinha jeito, sem ter como voltar, o negócio é seguir. Essa seria uma boa oportunidade de testar se o “No Rain” da jaqueta realmente fazia jus ao nome. Depois do posto, rodei no máximo 2km com chuva muito fechada (daquelas que chega a "doer" onde pega) e o transito parou totalmente.

Como tinha muito caminhão nos dois sentidos, eu só consegui ver o que tinha acontecido quando efetivamente cheguei no local. Aquele Ka, que tinha visto antes, tinha sofrido um acidente feio pra caramba. Outros dois carros estavam batidos (demulidos seria mais adequado). A cena me embrulhou o estomago, não pelo acidente em si, mas por saber que as coisas acontecem, as vezes, alguns minutos (ou segundos) antes ou depois da gente.

Um reporter urubu havia chegado provavelmente junto com o acidente, e já com o camera "seguindo" queria bater um papo com a mulher que estava presa no carro verde (acho que era um Corsa Sedan). P*ta M*rda! Até hoje me ferve o sangue de pensar no que aquele cara tava fazendo. E não me venham dizer que era a profissão dele. O mínimo que ele deveria ter é respeito ora bolas!

Continuando. Sinceramente, rodar na chuva os quase 200 kms até a "fronteira" de SC com o RS (destes, certamente mais de 140km com a chuva fechada) fez com que parecessem 1500km. Não acabava NUNCA.

Certa hora, vi uma placa escrita "Torres ->" e fiquei mega faceiro! No primeiro acesso a direita eu entrei e parei numa vendinha dessas de beira de estrada pra pegar o "jeito" do acesso. O senhor me disse que na verdade era Passo de Torres (ainda em SC) e que faltavam ainda 25km até chegar ao acesso de Torres (onde eu poderia pegar a estrada do Mar). Essa sem dúvida era a notícia que não queria ouvir.

Segui tocando "ficha", a motoca seguiu sem pestanejar. Alias, pestanejou quando voltei e tentei ligar ela. Ela deu meio que uma "ratiada", pegou com o afogador ligado e me pareceu meio "engasgada". Fiquei cagado de medo de ficar parado no meio da estrada, com a moto estraga e na chuva. O que fiz? Levei a moto com jeito, devagarinho até o motor "aquecer", deu duas belas aceleradas e a motoca voltou a pleno funcionamento. Depois pesquisei sobre e tudo indica que o suspiro do carbura tenha "entupido" com a água que não dava descanso.

Seja como for, fiquei feliz pela “confiança” que cultivei na moto com esta viagem. Passei por todo o tipo de estrada, com buraco, sem buraco, de chão, estilo motocross, e a moto não “se michou” nunca, encarou todos os desafios (mesmo aqueles que me fizeram pensar “onde eu fui me meter”).

Seguindo o relato, tenho que contar o fato "engraçado" do dia. Exatamente na placa que diz "divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul" a chuva parou. Como se existisse uma parede d'agua. Voltei a instalar a Raquel no guidom da moto, seguindo as orientações da moça no que diz respeito aos retornos necessários para chegar até a estrada do mar. 

Peguei o retorno a direita, fiz o balão e segui na via que (muito mal sinalizada) foi dar no acesso de Torres e na Estrada do Mar. Ali a viagem voltou a ser “deliciosa”. Asfalto bom, pouco movimento, nenhum caminhão. O único cuidado maior foi só com os pardais (não que eu andasse muito acima dos 80km reais do GPS).

A cada trevo que aparecia, com as rotulas para entrar nas cidades praianas eu me aproximava do meu destino. Quando cheguei na rótula de Capão tive que parar a motoca e bater fotos (já que até então consegui bater foto só no posto aquele devido a chuva). Certamente eu não fiquei tão feliz de chegar em um dos meus destinos como desta vez, desde o início dessa viagem.

Contrariando as orientações da Raquel, já dentro de Capão, segui as dicas pra chegar na casa que a Jô tinha me mandado via SMS. Acontece que Capão tem uns dois ou três acessos, e ela me mandou a “rota” do trajeto que ela tinha feito para chegar. Rodei um pouco, a pobre da Raquel ficou lá “recalculando, recalculando, recalculando” (gosta de uma conta essa moça?!) enquanto eu andava por todas as ruas daquele lado. Parei umas duas ou três pessoas até ter conseguido me “achar”. A Jô me esperava com a camera na mão, como tínhamos combinados. Desci da motoca ainda molhado, e fui direto pro banho.

Ai vem a notícia boa: a parte de cima totalmente seca. Não tinnha nenhum sinal de umidade, não escorreu nada de água para dentro e tanto o GPS, quando a câmera e minha carteira com os documentos da moto estavam intactos. Moral da história – a jaqueta realmente funciona (isso que a chuva que peguei estava longe de ser “moderada” e de “media duração” conforme a as indicações de uso para o modelo que comprei).

Estrada só no dia 27. Eu sabia, ainda quando saí no dia 16, que ia ter muito chão até aqui. Muito feliz por tudo ter acontecido tinha que ser. Agora "bora" aproveitar a praia e a família! Feliz Natal!

Fotos:

Olha a situação em Araranguá - SC
Mais feliz impossível por ver esta placa!
Entrada¹ de Capão da Canoa
Finalmente em "casa"
Todo molhado (só olhar o brilho nas botas)

2 comentários:

  1. Coitado do Kazinho!!!
    É meu caro... As coisas acontecem quando são pra acontecer... Já imaginou se tu não tivesse parado?
    Abração!

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  2. Pois é... exatamente o que me fez ficar um bom tempo de estomago embrulhado durante a viagem... realmente "as coisas acontecem quando são para acontecer". O relato final, do dia 27 comprova bem isso!

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