sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Diário de Bordo - Dia 20/12/10

Finalmente o dia "D" chegou, levanto as 6h da manhã, banho, me visto, tomo café. Depois disso, volto ao quarto pra pegar a mochila e amarrar na moto. Quando saio até a garagem, o senhor que cuidava do jardim veio conversar comigo... em poucos minutos ele me contou boa parte da vida dele, do bom emprego que ele deixou de ter quando era novo por não ter estudo... Ouvir uma pessoa bem mais velha e calejada contar sua história sempre faz com que a gente cresça (ou deveria fazer a "gente" crescer).

Subi na motoca, agora era a Serra do Rio do Rastro que me esperava... Notei a motoca com pouco “rendimento”... Parei no posto e o frentista prontamente “teu pneu está murcho...” e não é que era verdade?! Murcho... poxa vida... já pensei no atraso que isso ia representar na viagem... Olhei pros morros que cercam a cidade e a vista não me agradou muito (fechados, com muita serração e pinta de chuva).

Fui em uma borracharia bem grande que tem no centro da cidade, onde depois de uns 45 minutos estava com minha câmara remendada. Voltei no posto, enchi o tanque e segui viagem. Olhei no relógio e eram exatos 8:50h.

A cada quilometro rodado a visibilidade diminuía (e eu continuava subindo a mesma serra “lindíssima” do dia anterior). Até o ponto que aquela serração começou a molhar... parei a motoca e guardei a Raquel no bolso interno da jaqueta.

Continuei... cada vez vendo menos. Entendi porque que o cara que cuidava da Cascata do Avencal me falou que o pessoal que morava naquela região não saia da casa em determinados dias no inverno... Simplesmente não existe condições de se orientar com tamanha “serração” fechada.

Pensei que assim seria a minha viagem toda (isso se a chuva não finalmente se fizesse presente como as previsões me alertavam desde quando eu sai de casa). Mas novamente o “estranho” aconteceu, após alguns quilômetros naquela situação o tempo simplesmente abriu.

Um belo sol tomou lugar ao tempo fechado e eu comecei a curtir ainda mais aquela estrada. Vi florestas de araucárias que, aparentemente, tinha muitos e muitos anos. Segui rodando, curtindo a estrada e as curvas que ainda se faziam presentes até o trevo de Bom Jardim da Serra com São Joaquim. Peguei a esquerda, admirado com as paisagens combinadas com aquele tempo lindo, um céu limpo e azul tomava conta de tudo e um clima de muita felicidade me contagiou.
Logo estava no centro de Bom Jardim da Serra a procura de uma agência da Caixa Econômica Federal ou uma lotérica. Descobri que não existiam agências e que a única loteria da Caixa estava “fora do ar”. Poxa vida... dinheiro só depois de descer a Serra? 

Explicação: como todo viajante, rodei com um pouco de grana na carteira, um pouco na mochila e o resto iria gastando no débito. Como em Urubici eu havia pago tanto a pousada, quanto a gasolina e o conserto na borracharia, meu saldo estava “baixo”. Se tivesse esperado até as 9h poderia ter sacado dinheiro na Lotérica de Urubici.

A maior sensação que tive era de que ainda estava no Rio Grande do Sul, vendo aqueles longos campos com coxilhas mais adiante. Após o posto da PRH vi o mirante e um grupo de mais de 30 “senhoras” motos estacionadas. Saltei de moto e logo estava lá na beira daquele mirante, batendo muitas foto e sem acreditar que realmente estava lá, onde toda essa “viagem” havia começado a fermentar na minha imaginação.

Ver as nuvens lá embaixo, as curvas uma encima da outra (literalmente), o grande e lindo céu e o horizonte a nos esperar me fez meditar alguns minutos. Depois da visita dos “Seus Graxains” fui atrás dos adesivos da Serra (já que camisetas não rolariam em decorrência da minha falta de “Caixa”).

Nenhum lugar vendia, mas fiquei sabendo de uma venda que fica exatamente no meio da Serra que teria todo e qualquer material sobre a Serra. Sem agüentar mais, comecei a descida. E que descida, a cada curva a coisa fica mais linda! O que mais me surpreendeu foi a segurança dessa Serra e o respeito que todos têm por ela (e também pudera, sem ele ninguém sai vivo de lá).

A cada área de escape eu paro para fotografar e admirar (ainda meio sem acreditar onde eu havia ido parar). Devo ter levado umas 20h para fazer o percurso da Serra. O resto do caminho pós Serra foi até sem graça. As 12h parei em um posto para almoçar e noto que faltavam 60km para chegar a Laguna.

Logo após essa parada o calor é o que mais encomoda. Pego a BR101 com muito movimento, obras e caminhões, logo já estava no trevo de acesso de Laguna..Agora a maior dificuldade foi achar um hotel/pousada (já que não tinha “visto” nada na internet antes de sair de casa).
Acabei indo parar na praia do mar grosso, em uma via “principal” na Beira da Praia (quase) onde a maioria dos hotéis estavam localizados. Depois de rodar um pouco e pesquisar acabei parando no Atlântico Sul “a 80m da praia”. Larguei as coisas, tomei um banho e fui obrigado a tirar uma soneca (depois de avisar a família e a Jô que tinha chegado bem).

Depois da soneca (nem vou comentar), levantei e fui tomar um banho de mar, a praia  é muito bonita e estava bastante vazia (também pudera, era segunda-feira e só o desocupado aqui pra tirar onda na praia). Voltei pro hotel, tomei um banho e fui dar uma conhecida na cidade de moto.

Acabei parando nos moles, onde fiz umas fotos (o dia estava bastante nublado, com vento e tudo mais). Voltei e notei que estava na hora de fazer a troca de óleo (860km no GPS + quilometragem rodada sem ele). Fui jantar e voltei cedo pra descansar e poder acordar cedo no dia seguinte.

Fotos e video:




Na borracharia - Detalhe pras nuvens fechadas ao fundo
Me senti em casa
Pórtico de Bom Jardim da Serra - SC
Mais faceiro, impossível
Esse carinha já é famoso
Começando a brincadeira
Será que tem curva?

Fechando o dia - Depois de frio, calor, sol e (quase) chuva, serra e litoral


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